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E a criança suja e nua parou no meio da rua tomada por insetos, capim, pequenas e grandes árvores. Parada, ficou olhando para longe, para o horizonte que pouco aparecia atrás das ruínas de majestosos prédios tomados por plantas. Suas mãos calejadas largaram os galhos que antes carregavam e a criança contemplou a sua visão. Não externava nenhum sentimento no seu rosto, a garota simplesmente olhava para o horizonte, por fim, a criança Sorriu. Outros meninos e meninas nus que passavam por aquela rua observaram a menina que estática mantinha o olhar fixo e um singelo riso na boca. De repente, todas as crianças nuas que estavam por perto foram até aquela grande rua tomada por insetos, capim, pequenas e grandes árvores para contemplar a menina que olhava para o horizonte.
Repentinamente uma criança vestida com farrapos que mal cobriam o sexo apareceu entre as crianças sujas e nuas que rapidamente abriram passagem para o menino que foi em direção da primeira criança.
O menino não era muito menor que a garota, alcançava a altura do seu ombro. A olhando enraivecido, cuspiu na cara da menina nua e logo após a deu um severo tapa no rosto. O vento soprou impiedosamente enquanto a garota se recompunha da agressão. Um pedaço de uma embalagem metálica enferrujada, quase se desfazendo, voou em direção ao rosto de uma criança que olhava a cena e a cortou na têmpora. A criança machucada fez leve pressão para que e o sangue estancasse, foi tudo que fez.
Algumas lágrimas contidas nos olhos e nada mais, a primeira garota voltou a encarar o menino esfarrapado. Finalmente alguma emoção podia ser observada em seu rosto, era algo como ódio e alegria ao mesmo tempo, como se os dois sentimentos estivessem se fundindo e explodindo em algo diferente. O menino esfarrapado a agrediu novamente com um tapa no rosto, dessa vez a menina não precisou se recompor, imediatamente deu um tapa no rosto do menino com tamanha força que a criança caiu no chão e lá ficou. A garota rasgou as roupas do menino esfarrapado sem muito esforço o deixando nu como todas as outras crianças que lá estavam.
De longe, observando a cena, estavam outras crianças vestindo farrapos. Todas as crianças nuas que estavam por perto pararam e passaram a observar o horizonte assim como a primeira menina suja e nua. O garoto que antes usava roupas deitou-se no chão e fixou o olhar no asfalto que se soltava da rua, ele começou a chorar.
Minutos depois centenas de crianças nuas correram na direção da dezena de crianças esfarrapadas e repetiram o ato da menina, rasgando suas frágeis roupas. Alguns tentaram subir em cima das prateleiras de um prédio próximo para se proteger mas foram logo alcançadas pelas outras crianças. No fim daquele dia todos estavam nus e acenderam uma fogueira no topo de uma grande construção... logo as crianças dormiram.

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