Ano Novo

Enfim chegamos ao fim do ano!
Tempo de finalizar e começar novos projetos.

Outro dia à noite, estava olhando a vista do prédio pela varanda.
Lá embaixo, havia um menino de aparentemente uns nove anos, sozinho na quadra de futebol.
Ele estava tentando fazer gol pelo outro lado do campo.
A criança ficou tentando várias vezes.
Era chute pra fora, chute na trave, ia que ia o menino.
A princípio ele estava com todo o gás, quando errava, buscava a bola correndo e a recolocava com cuidado no chão. Mas, não demorou muito para ele começar a se desanimar.
Ele andava agora devagar e balançava triste o braço ao lado do corpo.
Mas continuou chutando mesmo sem ter mais aquela energia e ansiedade.

Enfim, o GOL.

O menino a princípio olhou rapidamente para todos os lados procurando alguém que tivesse visto o belíssimo gol que ele tinha feito.
Não viu ninguém para comemorar com ele, então começou uma dancinha engraçadíssima. Ele dobrou os braços na altura da cintura e rebolou para um lado e para o outro quase perdendo o equilíbrio.
Eu voltei pra dentro de casa morrendo de rir e com certa admiração pelo menino não ter desistido do seu tão sonhado GOL.

O que será que o ano seguinte nos reserva?
Quais serão os próximos sonhos, desejos e objetivos?
Quais serão as próximas falhas e superações?

Escrever aquilo que mais desejamos para o que está por vir é como uma bússola para o desconhecido.
É como um mapa ao tesouro, a gente desenha o “X” e o caminho para seguir.
Geralmente o caminho é cheio de obstáculos, aqueles que temos certeza que vamos enfrentar e outros em que o acaso nos pega de surpresa, em que a gente nunca sabe o que pode acontecer e o que fazer com as dificuldades.

É como o menino tentando fazer seu GOL.

Desanimar faz parte do jogo, mas desistir, nunca.
Afinal de contas o esforço nunca é em vão.
Uma hora ou outra a gente faz o GOL.
E superar a nós mesmos é o melhor tesouro escondido embaixo do “X”.

É como alguns dizem; cabeça nas nuvens e pé no chão.

Bom Natal e um Ano Novo MARAVILHOSO a todos!

Europa em P&B

Fotografia sempre fez parte da minha vida: tanto minha mãe quanto meu pai foram fotógrafos profissionais por mais de 20 anos. Curiosamente, apesar de eu sempre ter tido um certo hábito de fazer fotografias de viagens, festas e tudo aquilo que a gente sempre fotografa, isso nunca foi um hobby meu até muito recentemente. Eu diria que só comecei a encarar a fotografia como um lazer por si só por volta de 2006.

Foi justamente nessa viagem retratada aí embaixo, minha ida para a Europa na época da Copa, que comecei a tomar gosto pela coisa. Daí para a frente, o vício só aumentou, culminando com as aulas da disciplina de Fotografia na PUC, com o professor e fotógrafo Tibério França.

As fotos que se seguem foram feitas com minha saudosa e valente Sony P73. Ela ia até 4 megapixels e tinha um zoom óptico de 3x. Como na época meu cartão de memória era de 256MB apenas, todas as fotos foram feitas com 1 ou, no máximo, 2 megapixels. O efeito P&B já era o da própria câmera e depois eu acrescentei rapidamente (e precariamente) estas molduras no Photoshop só para postar aqui. 

Se vocês clicarem em cada foto, elas aparecerão no tamanho original.


O Que Foi e O Que Pode Ser

Ontem foi o dia mais... mundo da minha vida.
Fui para uma ocupação ontem, a Ocupação Dandara. A situação do terreno é complicada, o terreno era da prefeitura, começou a ser ocupado por famílias que vinham de áreas de deslizamento e por moradores de rua. Então a prefeitura fez uma venda ilegal para uma construtora, e agora com a Copa de 2014 a construtora quer construir um condomínio de luxo e o governo quer “higienizar” o Brasil, o que significa esconder a pobreza, a violência e tudo aquilo que não é bonito de ver. Mas é claro que essa higienização está mais pra varridinha pra debaixo do tapete.

Várias entidades estão tentando intermediar esse caso, inclusive algumas pessoas dessas entidades estão morando lá para viver como a população da Dandara, para sentir na pele seus problemas e incentivá-los a prosseguir na resistência. A ocupação também tem a ajuda fundamental de um frei que conversa com toda a população e com as entidades apoiadoras, cede sua igreja para as reuniões e que inclusive está sofrendo processo de excomungação por isso. Além destes, estão estudantes de direito, senhorinhas católicas, diversos partidos de esquerda, a ONU, institutos e independentes. Todos fortalecendo milhares de moradias de pedaço de madeiras e sem iluminação.

Estava ontem no Fórum de Solidariedade às Ocupações, que aconteceu no pátio da igreja e teve a presença de todos aqueles que eu citei acima e mais alguns representantes da Dandara. Em um primeiro momento demos idéias quanto ao que podia ser feito, depois separamos as tarefas. Ai foi vez de levar as resoluções para o povo. Fomos até a Ocupação, o frei fez uso da sua imagem e do seu carisma para unir as pessoas dispersas em um circulo, introduziu o fala e fez uma reza conjunta muito emocionante. Então um menino da entidade que cuida dos movimentos populares e que mora junto aos moradores, tirou sua fala de graduado em direito pela UFMG que usou na assembléia e começou a conjugar mal os verbos, usar gírias e falar com um jeito mais desembaraçado, que se fazia entender e ganhava a população.

Parei alguns instantes para perceber aquela cena que se fazia, acho que foi a imagem mais bonita que eu já vi, uma centena de pessoas negras e cafuzas, com chinelo no pé e suor na testa, todas naquele circulo iluminado por uma lâmpada fraca lá no alto, olhando aquele menino no centro. Eles tinham tristeza na face, mas o olhar era fixo e de esperança. Era um circulo de gente bem gente, em cima do morro mais alto, onde todas luzes da cidade nos circundavam, com uma fraca luz amarela que ia do centro e ia acabando aos poucos.

E já já é natal... tempo de dar e receber.
Estamos nos dando...
Amém.

A Sociedade do Sonho

Um dos principais motivos deste blog ter surgido era criar um espaço para que o pessoal da turma (todos que desejarem) pudesse ter um espaço para postar e divulgar o que andam fazendo, dentro ou fora da faculdade. Isso ainda não funcionou assim tão bem, mas vamos seguindo.

Este post tem origem no trabalho proposto como seminário final na disciplina "Antropologia Cultural", do 3o período do curso. O grupo era composto por mim, a Isabela Caiafa (aluna da Psicologia) e o Lucas Magalhães e o tema proposto para nosso trabalho consistia nos capítulos iniciais do livro "A Sociedade do Sonho", do autor Everardo Magalhães.

No livro, que é uma versão da tese de doutorado defendida pelo autor, este procura mostrar que a Comunicação de Massa cria uma sociedade paralela, denominada “Sociedade do Sonho”. Esta sociedade existiria em toda a produção da Indústria Cultural e teria a capacidade de dialogar com a sociedade real.

Para chegar ao seu objetivo, primeiramente o autor define aspectos centrais da montagem e realização de um trabalho de interpretação da Comunicação de Massa, e o que ela pode ensinar sobre o fenômeno do consumo. Neste passo, o autor conta passagens de seu estudo de graduação na área, com as dúvidas decorrentes de, por um lado, o estudo da criação de anúncios publicitários sedutores ou programas de televisão, e, por outro, o aprendizado de teorias para questionar tais produções. O autor ainda acrescenta que a Comunicação de Massa tem poderes coercitivos frente à coletividade ou ao indivíduo, além de apresentar uma força externa que nasce fora das consciências particulares, sendo o ato criador em seu campo nada mais que a tradução das significações coletivas.

No segundo capítulo do livro (e da tese), Everaldo buscou uma revisão crítica dos paradigmas da Teoria da Comunicação, para ao final introduzir sua própria tese. Aqui, são apresentados o paradigma positivo, com sua classificação de modelos e elementos constituintes da comunicação. Em seguida, o paradigma do tribunal, opondo "apocalípticos" e "integrados", os primeiros com a visão de que a Indústria Cultural era pouco mais que um projeto de dominação, colonização, repressão, autoritarismo e engodo das massas, e os últimos acreditando que a Indústria Cultural seja capaz de democratizar a cultura para as massas. A crítica a esta teoria levou autores importantes, como Umberto Eco e Roland Barthes a defenderem um novo paradigma. Este ficou conhecido como paradigma formalista, dado seu alto grau de formalismo, convergindo para uma análise semiológica do processo de comunicação. Apesar de sua importância, Rocha aponta problemas significativos com este paradigma com sua tendência geral para o subjetivismo. A imensa força teórica da análise semiológica afasta a mediação reguladora entre estudioso e objeto, deixando-os presos fascinados com a abrangência e poder teórico da área.

Finalmente, Everardo Rocha caminha para a formulação de uma proposta de paradigma que considere a análise etnográfica dos meios de Comunicação em Massa e sua produção. Para isso, propõe que sejam consideradas as interações e os diálogos entre a sociedade real e a sociedade virtual que acaba sendo criada dentro dos meios de comunicação; sociedade esta com ares de “mundo perfeito”, mas criada a partir de conceitos da sociedade real. O autor, então, questiona se essa sociedade de dentro da tela não dialoga e troca informações permanentemente com a sociedade de fora da tela, estabelecendo as bases para um estudo etnográfico da questão, com a tentativa de uma análise marcada pelo compromisso com a palavra do “outro” - neste caso, do mundo idealizado representado pela Indústria Cultural. Fazendo uma análise do filme de Woody Allen, “A Rosa Púrpura do Cairo” e uma analogia com o papel da personagem Cecília, que entra e sai de um filme exibido dentro do próprio filme, bem como dialoga com personagens de ficção na história, Rocha exemplifica o viés antropológico da comunicação constante, do “entrar e sair” à vontade do mundo projetado pela Indústria Cultural.

Como o trabalho foi apresentado com êxito e obteve nota total, resolvi postar aqui. Aqui vão links para o material apresentado na aula e o texto de resumo entregue como parte do trabalho. Se o Mediafire tirar isso do ar e alguém tiver interesse, é só me escrever :)

Preconceito Online

Ultimamente tenho visto cada vez mais comunidades que falam mal sobre a inclusão digital. Olhando tais comunidades eu gostaria muito de falar que fiquei surpreso como são preconceituosas em todos os âmbitos possíveis de preconceito, mas não posso. Sei muito bem o discurso que está por trás disso tudo e infelizmente tenho amigos que o compartilham.
Para esse post eu acompanhei uma comunidade de 23398 membros chamada  MID - Maldita Inclusão Digital.
Essa comunidade pertence ao Orkut, que é atualmente (2010) a rede social online que mais concentra usuários brasileiros.
  
Após uma breve análise da comunidade você perceberá que por trás de imagens engraçadas e piadinhas nos fóruns, tais comunidades abrigam um fascismo disfarçado na Web, fascismo esse que é bem aceito e simplesmente não percebido por quase ninguém e se entranha no nosso senso como um câncer que cresce lentamente antes de nos matar.
Esse ódio contra a inclusão digital é baseado em um argumento que fala que a rede estaria melhor se determinados grupos de pessoas simplesmente não as usasse. Entenda essas pessoas como: pobres, velhos, pessoas de pouca escolaridade etc. Pode-se fazer um paralelo com nosso querido jornalista Carlos Prates, que em um vídeo afirma que a culpa do trânsito nas estradas é dos pobres, pois eles são mais burros e agora teimaram de achar que podem comprar carros... Em âmbitos diferentes considera-se tais bens (as estradas ou a web) como bens que são de direito dos ricos e que os pobres não devem usá-los sob o risco de os estragar com sua ignorância e falta de classe.
Os criadores e aqueles que resolveram entrar na comunidade aparentemente se consideram intelectualmente superiores aos grupos de pessoas que tanto criticam, se consideram dotados de algum tipo de direito oferecido por deus para usar a "internet prometida". 
Em um caminho contrário a nossa gloriosa comunidade MID, eu estou todo dia esperando pela difusão da internet em todas as camadas da sociedade, sejam sociais, de idade, sexual... eu espero um dia que a internet seja usada por todos. Claro que haverá uma quantidade de conteúdo lixo colossal nesse dia, ai eu perceberei que algo está mais certo, pois as pessoas falam mais conteúdo não relevante para resto do mundo do que reflexões pertinentes e é bem justo que a rede seja um reflexo dos seus criadores.

"Civilização e Transcendência"

Vou ser sincera, como de costume, tinha muitos assuntos para abordar hoje, política, práticas humanas, psicologia, mas decidi que vou falar sobre espiritualidade. E quando sentei para escrever tive certeza disso, porque acabo de sair da Terceira Guerra Mundial, se é que sai, e o que vou dizer talvez sirva mais pra mim do que para qualquer leitor. Mas ainda assim, é muito bom ler, e ler com olhos mais limpos possíveis. Isso porque colocarei trechos de um livro Hare Krishna, aqueles que cantam, frequentemente usam roupas extravagantes e tem penteados e hábitos não comuns.
Hahahahahahaha, acho que dificultei a limpeza dos olhos, mas vamos lá:

Dizem que fugimos da realidade. Sim. Fugimos da realidade deles. Mas a realidade deles é uma corrida de cão, e nossa realidade é o avanço em auto-realização. Eis a diferença, por isso os trabalhadores mundanos e materialistas são descritos como asnos. Por quê? Porque o asno trabalha muito em troca de nenhum ganho tangível. Ele carrega no dorso toneladas de pano para o lavador de roupa, e este lhe dá em troca um pequeno feixo de grama. Então, o asno pára em frente à porta do lavrador, comendo grama, enquanto este coloca carga no asno de novo. O asno não tem o bom senso de pensar “Se me livro do controle desse homem, posso obter grama em qualquer lugar. Por que estou fazendo tanto esforço?”. Por isso, os trabalhadores materialistas dizem “Essas pessoas não trabalham como nós, como cães e asnos. Portanto, são escapistas”. Eles criaram uma sociedade que não passa de uma corrida de cães. O cão corre com quatro patas e eles correm com quatro rodas. Isso é tudo. Mas eles pensam que corrida de quatro rodas é avanço da civilização.
Talvez alguém pergunte: “Então não devemos fazer nada?”. “Sim, não faça nada que sirva apenas para aprimorar sua posição social”.


Eu adaptei o texto. E tiveram muitas outras questões que eu grifei no livro, mas, (sinceramente, de novo), essa questão foi a primeira que eu grifei no texto, e vem a ser a primordial e mais especial do livro. Pelo menos pra mim.

O amor é importante.
É importante demais.
E amar para mim, (acho que já disse isso), amar, para mim, é entender.
É entender sem pensar.
É se pôr no outro.
É dizer o que é, (e isso é difícil... é difícil demais... e talvez por isso Terceiras Guerras Mundiais).