Pra que não pensar a Paixão?

Me disseram que a paixão não deve ser pensada.
Coisa que me deixou inquieta,
primeiro porque eu odeio “deve”,
as coisas só “devem” quando elas tem um objetivo.
Por exemplo, eu devo respirar se quiser viver; devo ser feliz se achar que faz minha existência mais proveitosa, (...)
E depois que paixão, querendo ou não querendo, (ou as duas coisas), é um assunto que eu domino.
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E ai eu me pergunto porquê “não deve ser pensada?”,
não existem assuntos proibidos... ainda mais se não há objetivo.

A paixão é uma ilusão, é colocar algo no pedestal (porque as pessoas gostam de adorar e odiar as coisas, como se os extremos sacudissem a vida e lhe dessem sentido), a paixão é o cumulo do prazer e o cumulo da dor, porque ela vem de dentro.
Ela trás uma existência mágica, tudo é mais colorido e dengoso porque Ele existe, Ele que é daquele Jeito, que fez Aquilo e que você pensa sempre, porque é tão lindo...
E o cumulo da dor... de não conseguir parar de pensar, de saber que tudo um exagero, com interpretações próprias e sem comprovação e não de ter como ser como nas histórias mentais e que é ridículo fazer histórias mentais e gastar tempo fazendo histórias com uma pessoa tão pessoa quanto você, que faz coco, peida, julga, faz coisas que você não concorda nem um pouco e que tem fundamentos fundados no nada.
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Eu já fui muito feliz com uma paixão e com um punhado de apaixonites, o que consequentemente me leva a dizer que fui igualmente infeliz, ou talvez mais.
Dói lutar contra si mesmo quando você sabe que não faz sentido,
dói quando você vê que Ele não é perfeito, que Ele não te considera como você o considera, dói ver que Ele pode gostar de alguém que não é você e que vocês não são destinados a ser felizes até a velhice.



Eu, particularmente, tenho tendência a apaixonites de tempos em tempos, e sabendo disso eu guardo elas pra mim, brinco o pouco que não consigo evitar (faço umas poesias, monto umas situações mentais, lembro e riu, olho e aprecio, ) daí destruo como um desenho que deu trabalho, mas ficou ruim. Alguns dirão que é frio, sei que farão, mas qual é o objetivo da paixão?
Acho minha vida maior que isso,
há o que me alegre sem sulgar meu tempo e pensamento,
há o que me faça sentir preenchida sem me rasgar aos poucos.
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E sobre relacionamentos eu sei o que seria básico para ser saudável,
(alguém que goste e entenda a aura da arte, das pessoas, da política, que goste de viajar, de umas aventuras e de cachorro, que acredite em deus – de preferência com uma visão mais próxima da SNI ou dos Hare Krishna- que não seja guiado pelo hedonismo e que tenha um objetivo de vida compatível com o meu). Isso é o básico, o resto é opcional, mas isso é o básico. E assim como eu, todo mundo tem o que não queira abrir mão, o que quer que permaneça, o que é essencial para a felicidade.

Mas a paixão... ela não se permite muitas escolhas,
ela pula de ponta e não vê se é raso demais.
E ai acaba doendo.
No filme sempre acaba com um beijo e nós nos esquecemos o quanto pode doer,
doer de um jeito corroento e ardido
... e dói demais, que isso.



Sinceramente, quando tenho minhas apaixonites eu tenho vontade de sentar com alguém e dizer um tanto sobre o que eu sei de mim, o que é essencial pra mim, o que é errado pra mim e espero que meu Ele diga o mesmo sobre si.
Pra ver a fundura antes de se jogar de ponta.

Porque dói,
dói muito
e eu já cansei de saber como dói.
...de ser insana esperando a sorte divina.

Eu prefiro o amor.