Amar dói. Saudade constante também

Ele não estava mais intimidador, ele não estava mais imponente ao ponto de nos fazer pensar 20 vezes antes de abrirmos a boca para falar um sequer boa noite.

Ele estava com um astral acolhedor, os cabelos agora estavam grisalhos e o andar mais relaxado. Ele ainda fingia me ouvir mesmo quando eu me esforçava tanto para escolher cada palavra.
Eu insisti em segurar seu braço mesmo nós nos sentindo estranhos com isto, pela falta de intimidade.
E ele ficou preocupado no que as pessoas iam pensar quando o visse com uma garota nova como eu. Mas quando fomos nos despedir ele me olhou diferente com aqueles olhinhos azuis e eu não relutei mais contra o amor. Mesmo sabendo o quanto ele dói.

Me lembrei que não vou vê-lo mais por no mínimo seis meses.
E naquele momento eu podia entregar minha vida a ele. Chorei como se ninguém estivesse por perto. Foi mais forte que eu.

Foram tantos desgastes, dificuldades pela distância, pela correria em que ele vive e mesmo assim eu não consigo odiá-lo. Às vezes sinto raiva do destino.

Eu o amo incondicionalmente. Eu continuo sendo aquela garotinha que deitou em seu peito enquanto ele dormia só para sentir sua respiração, o subir e baixar da barriga. Subindo e descendo... me fazendo sentir tão segura e feliz.

Ainda te amo pai. Talvez mais ainda.
Com você eu fico em paz.
Só eu sei o quanto sofro por não fazer mais parte da sua vida.
Mesmo assim, obrigada por se esforçar em me dar o que você não pôde ter.

Bela vista

Não foi o subir do morro inclinado que me deixou sem fôlego.

Foi sentir meu coração batendo forte me dizendo que eu pertencia ali.

Eu vi ali um retrato da minha vontade tão tantas vezes enterrada em meio ás exigências que vem de fora de mim. Eu vi a liberdade nos olhos das pessoas que andavam de chinelo em meio a água suja sem nem se importarem, eu vi a luta sem medo de sangrar, de despentear, de perder o equilíbrio e rolar pelo chão.

Eu vi.

Obrigada por isso.