Um dos principais motivos deste blog ter surgido era criar um espaço para que o pessoal da turma (todos que desejarem) pudesse ter um espaço para postar e divulgar o que andam fazendo, dentro ou fora da faculdade. Isso ainda não funcionou assim tão bem, mas vamos seguindo.
Este post tem origem no trabalho proposto como seminário final na disciplina "Antropologia Cultural", do 3o período do curso. O grupo era composto por mim, a Isabela Caiafa (aluna da Psicologia) e o Lucas Magalhães e o tema proposto para nosso trabalho consistia nos capítulos iniciais do livro "A Sociedade do Sonho", do autor Everardo Magalhães.
No livro, que é uma versão da tese de doutorado defendida pelo autor, este procura mostrar que a Comunicação de Massa cria uma sociedade paralela, denominada “Sociedade do Sonho”. Esta sociedade existiria em toda a produção da Indústria Cultural e teria a capacidade de dialogar com a sociedade real.
Para chegar ao seu objetivo, primeiramente o autor define aspectos centrais da montagem e realização de um trabalho de interpretação da Comunicação de Massa, e o que ela pode ensinar sobre o fenômeno do consumo. Neste passo, o autor conta passagens de seu estudo de graduação na área, com as dúvidas decorrentes de, por um lado, o estudo da criação de anúncios publicitários sedutores ou programas de televisão, e, por outro, o aprendizado de teorias para questionar tais produções. O autor ainda acrescenta que a Comunicação de Massa tem poderes coercitivos frente à coletividade ou ao indivíduo, além de apresentar uma força externa que nasce fora das consciências particulares, sendo o ato criador em seu campo nada mais que a tradução das significações coletivas.
No segundo capítulo do livro (e da tese), Everaldo buscou uma revisão crítica dos paradigmas da Teoria da Comunicação, para ao final introduzir sua própria tese. Aqui, são apresentados o paradigma positivo, com sua classificação de modelos e elementos constituintes da comunicação. Em seguida, o paradigma do tribunal, opondo "apocalípticos" e "integrados", os primeiros com a visão de que a Indústria Cultural era pouco mais que um projeto de dominação, colonização, repressão, autoritarismo e engodo das massas, e os últimos acreditando que a Indústria Cultural seja capaz de democratizar a cultura para as massas. A crítica a esta teoria levou autores importantes, como Umberto Eco e Roland Barthes a defenderem um novo paradigma. Este ficou conhecido como paradigma formalista, dado seu alto grau de formalismo, convergindo para uma análise semiológica do processo de comunicação. Apesar de sua importância, Rocha aponta problemas significativos com este paradigma com sua tendência geral para o subjetivismo. A imensa força teórica da análise semiológica afasta a mediação reguladora entre estudioso e objeto, deixando-os presos fascinados com a abrangência e poder teórico da área.
Finalmente, Everardo Rocha caminha para a formulação de uma proposta de paradigma que considere a análise etnográfica dos meios de Comunicação em Massa e sua produção. Para isso, propõe que sejam consideradas as interações e os diálogos entre a sociedade real e a sociedade virtual que acaba sendo criada dentro dos meios de comunicação; sociedade esta com ares de “mundo perfeito”, mas criada a partir de conceitos da sociedade real. O autor, então, questiona se essa sociedade de dentro da tela não dialoga e troca informações permanentemente com a sociedade de fora da tela, estabelecendo as bases para um estudo etnográfico da questão, com a tentativa de uma análise marcada pelo compromisso com a palavra do “outro” - neste caso, do mundo idealizado representado pela Indústria Cultural. Fazendo uma análise do filme de Woody Allen, “A Rosa Púrpura do Cairo” e uma analogia com o papel da personagem Cecília, que entra e sai de um filme exibido dentro do próprio filme, bem como dialoga com personagens de ficção na história, Rocha exemplifica o viés antropológico da comunicação constante, do “entrar e sair” à vontade do mundo projetado pela Indústria Cultural.
Como o trabalho foi apresentado com êxito e obteve nota total, resolvi postar aqui. Aqui vão links para o material apresentado na aula e o texto de resumo entregue como parte do trabalho. Se o Mediafire tirar isso do ar e alguém tiver interesse, é só me escrever :)
Para chegar ao seu objetivo, primeiramente o autor define aspectos centrais da montagem e realização de um trabalho de interpretação da Comunicação de Massa, e o que ela pode ensinar sobre o fenômeno do consumo. Neste passo, o autor conta passagens de seu estudo de graduação na área, com as dúvidas decorrentes de, por um lado, o estudo da criação de anúncios publicitários sedutores ou programas de televisão, e, por outro, o aprendizado de teorias para questionar tais produções. O autor ainda acrescenta que a Comunicação de Massa tem poderes coercitivos frente à coletividade ou ao indivíduo, além de apresentar uma força externa que nasce fora das consciências particulares, sendo o ato criador em seu campo nada mais que a tradução das significações coletivas.
No segundo capítulo do livro (e da tese), Everaldo buscou uma revisão crítica dos paradigmas da Teoria da Comunicação, para ao final introduzir sua própria tese. Aqui, são apresentados o paradigma positivo, com sua classificação de modelos e elementos constituintes da comunicação. Em seguida, o paradigma do tribunal, opondo "apocalípticos" e "integrados", os primeiros com a visão de que a Indústria Cultural era pouco mais que um projeto de dominação, colonização, repressão, autoritarismo e engodo das massas, e os últimos acreditando que a Indústria Cultural seja capaz de democratizar a cultura para as massas. A crítica a esta teoria levou autores importantes, como Umberto Eco e Roland Barthes a defenderem um novo paradigma. Este ficou conhecido como paradigma formalista, dado seu alto grau de formalismo, convergindo para uma análise semiológica do processo de comunicação. Apesar de sua importância, Rocha aponta problemas significativos com este paradigma com sua tendência geral para o subjetivismo. A imensa força teórica da análise semiológica afasta a mediação reguladora entre estudioso e objeto, deixando-os presos fascinados com a abrangência e poder teórico da área.
Finalmente, Everardo Rocha caminha para a formulação de uma proposta de paradigma que considere a análise etnográfica dos meios de Comunicação em Massa e sua produção. Para isso, propõe que sejam consideradas as interações e os diálogos entre a sociedade real e a sociedade virtual que acaba sendo criada dentro dos meios de comunicação; sociedade esta com ares de “mundo perfeito”, mas criada a partir de conceitos da sociedade real. O autor, então, questiona se essa sociedade de dentro da tela não dialoga e troca informações permanentemente com a sociedade de fora da tela, estabelecendo as bases para um estudo etnográfico da questão, com a tentativa de uma análise marcada pelo compromisso com a palavra do “outro” - neste caso, do mundo idealizado representado pela Indústria Cultural. Fazendo uma análise do filme de Woody Allen, “A Rosa Púrpura do Cairo” e uma analogia com o papel da personagem Cecília, que entra e sai de um filme exibido dentro do próprio filme, bem como dialoga com personagens de ficção na história, Rocha exemplifica o viés antropológico da comunicação constante, do “entrar e sair” à vontade do mundo projetado pela Indústria Cultural.
Como o trabalho foi apresentado com êxito e obteve nota total, resolvi postar aqui. Aqui vão links para o material apresentado na aula e o texto de resumo entregue como parte do trabalho. Se o Mediafire tirar isso do ar e alguém tiver interesse, é só me escrever :)
Nossa, foi muito legal sua apresentação, volta e meia me pego pensando nela. Já conversei com várias pessoas tendo como base o estudo que vocês apresentaram.
ResponderExcluirSempre vejo pessoas se comportando como se estivessem dentro de um veiculo de mídia. E as vezes confesso que sou eu hahahahaha.
O livro é, de fato, melhor do que parecia a princípio :) Fico pensando que se tivesse sido usado na matéria seria muito mais proveitoso.
ResponderExcluirQue bacana João, só hoje vi isso... 1 ano e meio depois!
ResponderExcluirOi João! O Mediafire retirou seus arquivos do ar... alguma chance de você ainda ter estes docs, ainda que em PDF? Meu email é renatocr@hotmail.com - Abs e muito obrigado!!
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